terça-feira, janeiro 24, 2006

Uma tela para a posteridade


Deitada no sofá espero por ti.
Enquanto não vens, distraio-me com a televisão.
De repente, um barulho… Tiro o som e… nada.
Afinal, não és tu.
Procuro continuar a distrair-me.
Sinto a chave entrar da fechadura e a porta a abrir… És tu!
Corro para os teus braços.
Sei que vens cansado mas mesmo assim salto para o teu colo. Abraças-me, beijas-me e dizes que gostas de mim, que tiveste saudades minhas.
Retribuo e confesso que não consigo viver sem ti. Chego mesmo a sugerir que larguemos tudo, que esqueçamos os compromissos e vivamos apenas um para o outro (uma alucinação momentânea).
Passados os segundos de insanidade, regressa a lucidez, e rimo-nos dos disparates que estou sempre a dizer.
Paramos de rir e, em silêncio, fitamo-nos mutuamente.
Sem proferir uma única palavra ambos sabemos o que queremos naquele momento, o que paira nas nossas cabeças.
Num abrir e fechar de olhos enrolamo-nos no chão, depois de devorarmos a boca um do outro, entre línguas entrelaçadas, saliva e suor à mistura.
Temos fome um do outro e saciamo-nos à medida que o tempo passa, tempo esse que é sempre curto, que nunca chega para nada.
Maldito tempo!
Em poucos minutos recuperamos o ritmo cardíaco normal e voltamos a fitar-nos.
Mas, desta vez, não é o desejo que invade os nossos olhares. É a ternura, a harmonia, a felicidade de estarmos juntos, unidos para sempre, nus, deitados no chão, como numa tela…
Uma tela de um pintor famoso a quem, depois de morto, lhe foi reconhecido o trabalho de uma vida e exposto perante os olhares mais atentos e curiosos.
Assim somos nós, uma tela, que ficará para a posteridade…


09.Agosto.2005

Esta noite sou só tua



Esta noite vou ser tua
Vou fechar os olhos
E deixar-te tocar-me
Quero sentir a tua barba
roçar nas minhas nádegas
e arrepiar-me com os teus beijos molhados
e a tua língua atrevida
(enquanto as tuas mãos percorrem o resto do meu corpo)
Esta noite sou só tua
Como sempre…
Todos os dias
Todas as noites
Vou deitar-me
(no sofá)
E esperar
por ti…


09.Agosto.2005

Ainda te sinto


Fecho os olhos
Espero um pouco
Não estás, mas ainda te sinto
Sinto o teu cheiro
Sinto o teu toque
Sinto a tua boca
a percorrer o meu corpo escaldante,
quente,
ardente de desejo
por ti…
ansioso pelos teus abraços
ansioso pelos teus beijos
ansioso por ti…
Só por ti!


09.Agosto.2005

Como só tu sabes fazer


Não gosto de estar sozinha
Não gosto de estar sem ti
Quero-te sempre perto de mim
bem juntinho...
A sussurrar-me ao ouvido
“palavras que me beijam como se tivessem boca”
(como só tu sabes fazer)
A percorrer o meu corpo com os teus dedos
(como só tu sabes fazer)
A degustar as minhas entranhas com a tua língua
(como só tu sabes fazer)
A possuir-me e a levar-me à loucura
(como só tu sabes fazer)
AMA-ME
(como só tu sabes fazer)


20.Março.2005

Já não te odeio

Já não te odeio
Apenas de desprezo
Sinto pena de ti…
por ti…
por seres como és…


15.Janeiro.2005
(02h00m)

Às vezes é bom não ouvir


Às vezes é bom não ouvir
e só sentir
Sentir as tuas mãos a percorrerem o meu corpo
a explorarem cada centímetro da minha pele
a violarem o meu espaço
de uma forma consentida
Às vezes é bom não ouvir
e só sentir
Sentir a tua boca dentro da minha
as nossas línguas entrelaçadas
e a saliva misturada
a nossa respiração inconstante e arfante
e os olhos ardentes de desejo
Às vezes é bom não ouvir
e só sentir
apenas sentir…


23.Janeiro.2005
(20h15m)

Toma conta de mim


Anda…
Vem…
Toma conta de mim
Dá-me o teu colo
Aperta-me com força
Protege-me nos teus braços
Faz-me sentir segura
Dá-me confiança
Ama-me…
com sinceridade


22.Janeiro.2005

Tenho medo de te ver



Tento dormir e não consigo
Tenho medo de fechar os olhos
Tenho medo de te ver
porque já não te tenho
e não te posso ter
Não quero que invadas o meu sono
para não ter que acordar
para não ter que ver que já não te tenho
que já não és meu
que já não me pertences
Vou tentar dormir…
mas vou manter os olhos abertos
para não ser assaltada por ti
Não quero…


14.Janeiro.2005
(01h20m)

Não devias



Prometeste-me o mundo
E ofereceste-me o caos
Deixaste-me acreditar
que serias meu para sempre
Entreguei-te o meu corpo
Entreguei-te a minha alma
Fizeste-me feliz
mas acabaste por me destruir
Destruíste-me por dentro
sem o mínimo remorso
com a maior das friezas
sem pensar na minha dor
Mataste-me por dentro
Usurpaste-me a alegria de viver
Não devias…
Não tinhas esse direito…
Mas não o voltas a fazer…
Jamais!!!


14.Janeiro.2005
(01h10m)

Perdida



Procuro-te e não te encontro
Fugiste…
Expulsaste-me…
Deixaste-me só e desprotegida
Desnorteada e sem rumo
Num mundo cruel
Onde só os mais fortes sobrevivem
E, eu, sem forças…
vou trilhar com dificuldade
um novo caminho
um novo percurso
uma nova vida
Longe de ti
longe dos teus beijos
longe da tua vida
Perdida…
Completamente perdida


14.Janeiro.2005
(00h15m)

Não te perdoo



Destruíste-me por dentro
Deixaste-me só,
desamparada
e sem a mínima compaixão
Do céu desci ao inferno
sem qualquer justificação
Violaste a minha alma
Trespassaste o meu coração
Capaste a minha essência
Trocaste-me…
Odiei-te com todas as minhas forças
Queria-te tanto…
Desejava-te
Queria ficar contigo
Mas tu não quiseste
Não deixaste
Empurraste-me
para fora do teu mundo…
Foste cruel
Demasiado cruel
Entreguei-me por inteiro
Toda…
Sempre
Embriagada pelo teu cheiro
pelo teu toque
pelo teu sorriso
pelo teu ar de puto mimado
deixei-me levar
deixei-te possuir-me por inteiro
Toda… sem receio
E agora?
Desapareceu o cheiro
desapareceu o toque
desapareceu o sorriso
desapareceu tudo
Arrancaste-me a felicidade
Roubaste-ma
Não te perdoo…
Nunca!

14.Janeiro.2005
(00h05m)

Já não sou tua


Dei-me toda
e em troca…
acabei por não receber nada
Apenas um vazio ficou
Uma dor que me consome
e que me queima o peito
Não merecia
Tu não me merecias
Acabaste por prová-lo
e da pior forma
Uma forma que deixou marcas
marcas que não se apagam com o tempo
marcas que corroem tudo aquilo em que acreditava
e que tu deitaste por terra
Não venhas…
já não sou tua…
Agora queres ser meu amigo
mas eu não deixo…
Quero expulsar-te da minha vida
Quero paz
Quero força
Quero coragem
Coragem para manter a cabeça erguida
Coragem para sobreviver
Coragem para voltar a amar
e deixar-me amar
Tu não me mereceste
Mas há quem me mereça
Disso tenho a certeza absoluta
Digas o que disseres
Faças o que fizeres
Não te quero
Deixa-me
Larga-me
Definitivamente…

13.Janeiro.2005
(23h45m)